Escravos do Tempo e do Espaço
Eliseu Mocitaíba da Costa
Perde-se nas noites dos tempos genesíacos, a
presença efetiva do ser humano, as primeiras manifestações de consciência na
face da terra.
As forças ocultas do universo atuam
impulsionando a evolução interagindo com e pela forma humana como força ainda inconsciente,
dentro das limitações do espaço, sustentada pela necessidade de conhecer e sobreviver.
Prisioneiro no tempo e no espaço, dentro de
si mesmo, em busca de experiência, a criatura fica deslumbrado pelo pincel do
Grande Artista do Universo, e volta-se para o lado de fora de sua personalidade,
e acaba tornando-se marionete das forças da natureza.
Assim prossegue, através dos tempos, caminhando
sem destino, olhando para o céu, correndo atrás de um meio de acesso à sua
origem. Na realidade, um estranho nesta terra de todos e de ninguém.
Caindo e levantando essa força de vida inconsciente
se apresenta em toda a parte, conhecendo, assimilando tudo que lhe passa pela
frente, durante eras sem conta, numa necessidade incontida de conquista. Na
realidade, não deixa de estar sempre correndo atrás de si mesmo.
O tempo passa, as distâncias diminuem nesse
teatro de operações, entretanto, cada vez mais difícil fica encontrar, pelo
acúmulo de coisas inúteis, o primeiro degrau que o levará ao portal para o Divino
encontro.
O progresso da humanidade se expande,
cresce a passos largos, mas não lhe é ensinado aonde
está a verdadeira chave para sanar semelhante
mistério, o Metabolismo da Obra do Eterno.
Muitos se arvoram em donos de tudo e de
todos, mas esquecem de si mesmos. Uma força inconsciente querendo domar o que
não conhece, sem assumir que ainda não passa de mais um turista no cenário da natureza
dos direitos e deveres. Buscador das coisas exteriores!
Mesmo assim a vida continua, com a prepotência
de alguns, a negligência de muitos e a humildade inerte de outros. Cada um
tentando a seu modo ser dono do pedaço.
Se a maioria das pessoas, no fim da vida, pudesse
visualizar o que lhe foi planejado ao nascer, e o que foi realizado, ficariam consternados
com a diferença pela falta de melhor perspectiva em suas vidas. O Supremo
Escriba vai traçando o destino “certo” de todos, sob suas linhas de vidas “tortas”.
Foi assim que nasceu o jeitinho brasileiro?
Então, uma pergunta fica no ar: será que
não existe mais escravidão?
Enquanto o homem for escravo de si mesmo,
exilado de sua origem superior, aguardando, ou fazendo de conta que espera melhores dias para o seu mundo, vive e convive numa pretensa
gaiola de ouro, cuja armação, é feita pelas limitações físicas, psíquicas e
mentais que lhe dizem respeito.
Se o ser humano não conhece a si mesmo, como pretende
conhecer, dominar o que está fora de seu universo?
Uma lei há muito lhe
acompanha os passos, “a toda a ação resulta numa reação, igual e em sentido
contrário”, para que ele possa sempre avaliar sua maneira de ser e de aprender.
Os Mestres sempre dizem que a chave do
grande mistério está “diante do nariz”, portanto, pela falta de consciência,
não é percebida.
Depois de longa vida errante, sem tempo
para si mesmo, um dia começará acordar e a procurar a resposta às enigmáticas
perguntas: quem somos? de
onde viemos? e para onde vamos? Começa, então, a busca
por sua verdadeira origem.
A Grande Meta é a
formação de uma estrutura forte capaz de desenvolver ou reconhecer dentro de si
os Pilares da Sabedoria, sustentando a Árvore da Vida ornada pelo Amor-sabedoria,
Verdade e Justiça, virtudes que devem ser conquistadas pelo Peregrino da Vida;
do eterno Aprendiz para deixar de ser mais um exilado e prisioneiro dentro de
sua Casa, de seu Lar, o Grande Templo de Luz e Poder, o Cosmo!
Na realidade somos vida-energia, inconsciente em busca da
Consciência do Ter e do Ser para libertar-se e compor, como mais um tijolinho, nesta
grande escadaria do Grande Setenário do Universo;
para que um dia possamos dizer, “Eu e o Pai somos um só”.