KARMA NÃO EXISTE
Axel
É preciso entender
que existe uma diferença importante entre o significado da palavra karma e a
interpretação popular da mesma.
Karma significa ação, ato, movimento contínuo. Dentro do conceito da
Lei da Ação e Reação ou Causa e Efeito nossa vida atual é fruto dos atos
passados e o futuro depende dos atos atuais.* (leia só ao terminar o
parágrafo). Portanto os atos podem ser
de três tipos: a) saudáveis, que nos levam à libertação da roda de
encarnações, b) perniciosos, que tendem a perpetuar a
confusão, a ilusão, a dor e as reencarnações e c) neutros (comer,
beber, andar, dormir, olhar, cantar, trabalhar). A ação não é boa nem ruim,
é apenas uma sequência de experiências. Quem julga se
algo é bom ou ruim é o homem no plano físico, que só enxerga a dualidade, mas
Deus nunca determinou que fosse assim, pois toda ação tem uma razão de existir,
mas nem toda ação exige uma reação. Se alguém esbarra em mim ou me machuca eu
não preciso me aborrecer ou brigar com ele. Posso também fugir ou não reagir e
perdoá-lo. Mesmo assim terei tido uma reação, mas positiva, que não gera
acertos futuros. A melhor forma de compensar atos ruins é com o amor. Portanto
uma ação causa um efeito no mesmo instante, mas não precisa causar
necessariamente outra no futuro próximo ou distante.
* [Mentira! Nas primeiras encarnações
meus atos não eram fruto de atos passados. Se alguém me matou eu não fiz nada
para que sofresse essa agressão. Se fatos atuais são fruto de ações passadas,
então aquelas ações também seriam conseqüências de atos mais anteriores ainda.
Por esta falsa lógica eu poderia matar alguém numa vida. Algumas vidas depois
eu poderia ser assassinado por aquele que eu matei. Como desta vez eu poderia
me sentir injustiçado, numa outra vida me vingaria dele matando-o. Isso geraria
uma série de assassinatos infinitos.]
Deus criou uma ação e o homem criou a
reação contra Ele, mas que é falsa. Tudo é ação constante. Mesmo reagindo,
brigando com a Verdade, todos nós voltaremos a Deus. Como somos Deus só podemos
criar a ação também.
Popularmente karma é entendido como o pagamento por ações
ruins no passado, que prejudicaram alguém. Pode-se dizer também que é uma
reação negativa a uma maldade praticada pela pessoa no passado. A ignorância do
povo, que só vê as ações negativas, e o interesse dos sacerdotes de todas as
religiões em todas as épocas, fez com que se destacasse apenas o aspecto
negativo do karma e a falsa idéia de pecado,
condenação por Deus, culpa e castigo futuro. Se Deus não te julga quem vai
determinar que algo é karma
ou não? Para Deus não existe ação ruim ou condenável. A Lei da Ação e Reação
serve apenas para o mundo físico dual. Serve para a matéria e o corpo físico. O
que importa nesta vida: o corpo físico ou a alma? A alma segue as leis físicas?
A experiência é somada ao corpo ou à alma? Então a Lei da Ação e Reação ou o karma não rege a alma.
Não existe karma
ruim, o pecado não existe e conseqüentemente não existe culpa nem castigo. Foi
o homem que criou esse conceito. Foram os sacerdotes do passado que inventaram o karma como forma de
disciplinar o povo gerando o medo de algo invisível e não comprovável, como
ações condenáveis numa vida passada. Se não há karma
não há ação a ser compensada por sentir culpa ou medo de castigo e nem precisa
haver uma ação contrária exatamente igual. A Lei das Compensações te leva a ter
uma experiência igual, mas contrária, ou várias diferentes, que equivalem
àquela anterior. Mas você também pode fazer um mal e não ter que compensá-lo
por já ter feito isso em vida anterior, em que você foi a
vítima. Não há progressão contínua da ignorância total e maldade absoluta para
a consciência e bondade plena. Na verdade é impossível que seja assim, senão
não haveria ações contrárias na mesma época. Nem todos podem ser maus ao mesmo
tempo no início do ciclo de encarnações e nem todos bons no final. É preciso
sempre ter pessoas exercendo os papéis opostos para todos aprenderem. O
importante é que no final todos tenham cumprido todas as experiências
necessárias, não importando em qual encarnação. Mesmo assim pode-se dizer que a
alma jovem comete mais erros e mata e fere mais vezes os outros do que quando
já está na fase adulta. No final do ciclo de reencarnações geralmente os
assassinos são almas que não evoluíram o suficiente e que terão que completar seu
aprendizado em outro planeta da 3ª dimensão.
A compensação de um mal não precisa ser
igual a ele (matar e ser morto). Existem inúmeras formas de compensação. No
mundo físico a Lei da Ação e Reação diz que uma ação corresponde a outra equivalente, mas
na direção oposta, se não houver atrito. O atrito nas relações humanas
faz com que a ação contrária não seja exatamente o contrário da ação original.
Várias boas ações menores podem compensar a ação ruim original. Como somos
dotados de inteligência podemos compensar uma má ação nossa no passado com um
sofrimento igual sendo agredidos pela mesma pessoa que prejudicamos ou outra,
praticando boas ações para aquela pessoa ou outras ou um pouco dos dois. Se eu fui agredido ou morto no passado eu posso matar aquele meu
agressor do passado nesta nova vida (ação igual contra o corpo físico do
causador do meu mal), posso perdoá-lo e ainda ajudá-lo a compreender o mal que
fez (atitude mental contrária à dele, agindo sobre a mente e coração do
agressor) ou agredir ou dar amor a outras pessoas. Tudo isso são ações e
reações necessárias para aprendermos os dois lados da moeda. São experiências
necessárias neste mundo, mas nem por isso existe alguém que condena o agressor
e tem pena da vítima. Quem faz isso é apenas o corpo físico e a alma sem
compreensão plena.
Para entender isso
melhor podemos comparar a nossa estada na Terra por 26.000 anos com o
período que passamos cursando uma faculdade. Enquanto temos 26 mil anos e
centenas de vidas para passar na Terra reencarnando seguidamente, na faculdade
temos 5 anos para concluí-la e receber o diploma. Se formos aprovados em todas
as matérias recebemos o diploma e estamos aptos para iniciar uma nova etapa de
aprendizado. Se repetirmos, isto é, não tivermos aprendido corretamente todas
as matérias (ou passado por todas as experiências físicas e emocionais
necessárias neste planeta) teremos que continuar na mesma escola ou em outra
semelhante. Mas por acaso existe na
faculdade alguma matéria tão ruim que precise de uma ação contrária mais tarde?
Alguma matéria do 1º ano terá que ter uma outra no 4º
ou 5º ano que anule a anterior? Não, isso não existe. Existem matérias que
podem me agradar mais e outras menos, umas mais fáceis de aprender e outras
mais difíceis. A diferença da faculdade para a vida real consiste apenas do
fato de que as experiências (matérias) necessárias podem ser divididas em duas
metades, 50% boas ou agradáveis e 50% más ou desagradáveis, mas todas
necessárias para o entendimento completo e o equilíbrio.
Nossa vida terrena pode ser comparada
com a trajetória da alma, que evolui com as diversas encarnações pelas quais o
corpo físico passa. Assim como a cada vida terrena nascemos como bebês
inocentes, passamos pela infância, adolescência, fase adulta e velhice a alma
também tem essas fases, só que num período de tempo mais longo (26.000 anos).
Nas primeiras vidas os conflitos da alma e a quantidade de ações prejudiciais
ao próximo e inconsequentes eram naturalmente maiores
do que hoje, quando estamos terminando o aprendizado neste planeta. A maior
consciência da alma se reflete na consciência do corpo físico nas últimas
encarnações.
Na vida também não existe nada ruim, só
experiências necessárias. Como estamos no mundo dual é claro que para
compreendermos o Todo precisamos passar por experiências boas e ruins em igual
proporção. É preciso passar por todas as experiências nesta dualidade para
alcançarmos o equilíbrio dos dois pratos da balança interna e compreender tudo.
Quando vivemos vidas em que somos maus é natural que em outras vidas sejamos
bons ou soframos a maldade de outros e vice-versa. Não estou com isso “pagando karma” algum, mas experimentando o lado contrário. Isso faz
parte da Lei das Compensações. Preciso passar por isso, mas não há necessidade
de sentir culpa ou ser castigado. Devo agradecer que a dor está me ensinando
algo que eu ignorava na outra vida, em que só prejudicava
os outros. Portanto todas as experiências são boas e por isso todas as vidas
são uma ação contínua de progresso, aprendendo sempre uma coisa nova. Neste
caminhar eu não preciso classificar as ações e reações como boas ou ruins,
positivas ou negativas. Para Deus tudo é bom. Tudo isso serve para descobrir o
deus que há em mim. Quando eu tiver aprendido tudo e não houver mais dúvidas
nem apego estarei livre do ciclo de reencarnações. Eu terei equilibrado os dois
pratos da balança de experiências possíveis na vivência terrena.
Experimentar tudo não implica em
condenação por um ato mal e nem é preciso sentir culpa ou vergonha na vida
futura. Deus não condena ninguém por nenhuma atitude e seu espírito compreende
isso perfeitamente. Só o corpo físico e a alma ainda pouco
evoluída, ignorante da Verdade completa, se sente pecador e sofre. É
permitido que isso aconteça para que o aprendizado se faça, mas tudo é um jogo
virtual (a vida na Terra é uma ilusão) de dramas que não existem de verdade. O
corpo precisa passar por longos períodos acreditando no karma
negativo, na dívida a ser paga e culpa para experimentar os conflitos decorrentes
dessa crença. Se pessoas não preparadas para a Verdade ficassem sabendo que não
existe karma a pagar, e ainda não tivessem evolução
para compreender isso, elas deixariam de ser honestas e matariam e roubariam
sem peso de consciência e o mundo viraria um caos. É por isso que a pessoa não
evoluída não acredita nessa explicação e só vai aceitá-la quando buscar a
Verdade por esforço próprio e chegar o momento certo. Aí tudo fará sentido.
Quando alguém faz uma regressão para entender o motivo de algum conflito com
alguém, defeito físico ou sofrimento na vida atual ele geralmente vê uma vida
que parece ter causado aquele infortúnio, mas não é bem assim. Aquele é o ato
contrário, aquele que pesa no lado contrário da balança das experiências
necessárias na vida e somente isso. Não é preciso ter peso de consciência por
aquele ato no passado, pois Deus não te condena por ele.
Karma no sentido de pecado
e conseqüente castigo não existe.
Deus
não tem karma com Deus. Se todos nós somos filhos de
Deus, nós somos deuses. Como posso eu, como deus, ter um karma
com você, que também é deus, e portanto é perfeito???
Ninguém
é o karma de ninguém, porque Deus não é o nosso karma e todos somos deuses. Mesmo Deus num corpo imperfeito
não é nosso karma. Só os humanos encarnados podem
decretar tal absurdo. Cada um pode dizer: Eu Sou o Eu Sou. Portanto Deus em mim
ou em você pode decretar, quando quiser, que não haverá compensação de certos
atos maus no passado. Deus faz o que quer e como quer, pois é livre, não
precisa seguir regras e leis. Toda ação de Deus é uma ação de graça, não
precisa de justificativa.
Siga
sua vida em absoluta neutralidade, sem julgar, desejar ou se incomodar com
nada. Isto é possível, sim! Quem tentar, verá. Agindo
assim você não assume culpas, vergonha, medos, traumas, angústia, ansiedade,
etc. (que são impostas pela sociedade que condena, mas não assume sua
co-responsabilidade) e se torna criatura criadora. Assim a palavra karma volta a ter o seu significado original, que é ação ou
ato. Agir todos nós agimos, nós somos Luz, nos
deslocando na Luz e para a Luz, para a Unidade. Lembre-se que nunca deixamos de ser Deus.
Todos nós podemos evoluir fazendo apenas
ações saudáveis, mas na verdade só podemos acabar com nossos karmas (dívidas que acreditamos ter; as 3 raízes
perniciosas: desejo, ódio e ilusão) e alcançar o Nirvana (que não é um lugar e
sim um estado de espírito puro e livre) = “extinção ou apagar a vela da chama
que nos mantém encarnados” tendo, de um momento para outro, um insight, uma iluminação ou consciência
da Verdade. Isso ocorre quando a alma está pronta para isso e então
conscientiza o corpo físico. Se ela alcança a consciência plena antes do fim do
ciclo de reencarnações ela pode ficar isenta da compensação de alguns atos, mas
isso ocorre raramente. Dizem que encarnamos cerca de 700 vezes, mas não existe
um número certo de encarnações. Importante é cumprir as experiências
necessárias. Dependendo do que se faz e a duração das encarnações, pode-se
chegar mais cedo a cumprir tudo e não precisar encarnar mais. Depois a alma
pode voltar a encarnar como voluntário quando quiser, sem karmas
(no sentido popular).