O HOMEM E O COSMOS
Eliseu Mocitaíba da Costa
“Há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha
vossa vã filosofia.” Shakespeare
O Som é a matéria prima do
Universo, já dizia o Evangelho de São João: “No Princípio era o Verbo, e
o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Tudo foi feito por
Ele e nada do que tem sido feito, foi feito sem Ele. Nele estava a vida, e a Vida era a Luz dos homens”. “...e o Verbo
se fez carne e habitou entre nós”, portanto a Essência Divina pelo Verbo,
manifestou-se na face da Terra.
“Deuses fomos e nos esquecemos disso”. Assim
falou o iniciado cristão Santo Agostinho, apontando que a trajetória
humana flui da inconsciência beatífica
dos primeiros dias da Criação para a consciência deífica do “Sede
Conosco”, quando o homem será uno com sua
Consciência Superior, sua luz interior, atenta colaboradora. A mesma
idéia se encerra na feliz e incompreendida parábola do filho pródigo, que abandona sua casa para viver
as experiências do mundo e, por fim, retorna ao lar, despojado da herança
paterna (consciência instintiva), porém maduro e reconhecido ao pai (consciência
superior) que também o reconhece,
acolhe e festeja.
Para esse
retorno à Unidade, o homem precisa despertar sucessivamente os princípios latentes em seu interior,
enquanto exercita os já realizados. Ao todo são sete, como
os alegóricos dias da Criação,
pois o homem e o Universo são da mesma essência e evoluem concomitantes. Mistério...?
Para quem não procura a verdade.
Considerando
que a ignorância gera mistérios, podemos afirmar que só há mistério onde há falta
de conhecimento, e conclusivamente: Não
há mistério. O que há é ignorância sobre as Leis da Natureza e do Universo, e
que estas dormitam latentes dentro de cada ser.
Mas,
então seriam ignorantes os homens?
Diríamos
que não, apenas vivem desatentos aos assuntos transcendentes ligados à Realidade da Criação, à Evolução da
Humanidade e à Constituição Superior de cada pessoa. Ignoram que cada
ser humano é um microcosmo, reflexo do
macrocosmo e que todas as forças-energias cósmicas têm sua correspondência na
tessitura do corpo de cada ser.
Vivendo acossado por
necessidades e impulsos que não entende, e por isso não controla, o ser humano
tem vagado pela face do Planeta em lenta e penosa evolução. No entanto, ensina
a Sabedoria Eterna, e garantem os místicos, sábios e iluminados de todas as
épocas, que a Essência que habita em todos, paira acima de todas as circunstâncias
humanas. E para muitos jaz ainda adormecida como resposta às fundamentais
questões: “Quem somos?
De onde viemos? Qual a nossa missão? Para onde vamos?”
Como enigmas de uma Esfinge
que habitasse as trevas da consciência humana vigiando dia e noite os Portais da Eternidade, atenta ao passado e no
que virá, àquelas cruciais questões, angustiam qualquer vivente, que encerram
o drama e a grandeza da peregrinação humana. Como redentores da Humanidade, por
tê-las resolvido, fizeram-se vários luminares; por aspirar resolvê-las,
lavraram-se os sábios, os heróis e os santos; por tê-las pretendido dominá-las
ou por desconsiderá-las (com se tal fosse possível...), forjaram-se os Césares de
todas as épocas, algozes de si mesmos e dos demais; à parte, a massa dos pseudo-indiferentes, joguetes em geral, dos mais espertos ou
mais egoístas permanece dominada e alienada.
Acreditar que está em paz
com sua consciência, distribuindo benfeitorias aqui e ali, não justifica apagar
todo um passado mal resolvido. Não se pode chegar à Casa Paterna com bagagem
mundana às costas.
Considerando que alguns
instrumentos necessitem de uma conexão em certa voltagem para funcionar, todos
os homens que já conquistaram a força mental nesse nível sintonizam o
conhecimento direto com os planos sutis da criação, pois seus instrumentos já estão
nessa sintonia. Aquele que não estiver
no mesmo diapasão ou na voltagem suficiente terá que se transformar,
melhorar o seu estado de consciência, até entrar em sintonia: eis o Despertar
da Consciência.
Resta
ao homem, conscientemente, integrar-se com o Todo, a fim de que haja equilíbrio
entre seus três estados de
consciência: a física, a psíquica ou
emocional e a espiritual. Uma vez equilibradas, o homem será harmônico
consigo mesmo, com o meio em que vive e com o Todo Universal, de cuja integração
passará a tomar conhecimento diretamente, através de seus próprios meios, pois
os mecanismos, digamos assim, existentes na tessitura humana começam a funcionar.
Notamos que não há homens privilegiados. Nós é que
fazemos, trabalhando nossas qualidades. Todos têm o mesmo potencial. Este, sim,
em alguns já estão desperto e em outros, ainda adormecido, truncado, entretanto
em outros deformados por atos praticados por pura ignorância das Leis do
Universo, e de como tais leis funcionam e operam inexoravelmente.
É
privilégio do Homem alinhar-se ao plano de eclíptica
pessoal, que vale dizer: buscar o reencontro com a sua Natureza Superior, a
começar pelo seu próprio íntimo até lograr dizer, consciente: “Eu e o Pai somos
um só”.
Eliseu
Mocitaíba da Costa
Revisão
em 28-06-11