O Mistério dos Ciganos

 

Dhâranâ nº 124 – Abril a Junho de 1945 – Ano XX

Redator : Prof. Henrique José de Souza

 

"Kara-Mara gigo Asgardi" (o POVO ELEITO expulso da Terra Santa).

No dia em que fomos visitar os referidos terrenos, divisamos do lugar onde estávamos um novo bairro, semelhante a um presépio, pela maneira com que estão arrumadas as casas, a cavalo do morro, formando uma curvatura à guisa de ferradura. A maioria se compõe de casas humildes; porém há também chalezinhos interessantes, sobressaindo entre eles, um de estilo todo especial, O seu frontispício dá a impressão da letra MEM hebraica. E sua pintura consta de três cores: o fundo amarelo, com frisos azuis e as venezianas de um vermelho escarlate muito vivo, o que empresta ao referido frontispício um “estilo marajoara".

 

Mas, como os seus residentes e proprietários entendam, de Cartomancia e Quiromancia, logo nos acudiu à memória, o esoterismo de tão estranho chalézinho.

 

Nele, residem os chefes de um grupo de ciganos, que tomou S. Lourenço por apoteose final da sua existência...

 

O Mem hebreu, ou M, para a maioria das línguas ocidentais, equivale ao nome da "rainha do lar e do grupo de ciganos": MARLY. E quanto às 3 cores, por serem as matrizes, é natural que marido e mulher, tinta espécie de parelha manúsica", saibam muito bem que tais cores são às 3 Gunas ou qualidades de matéria: Sattva (amarelo), Rajas (azul) e Tamas (vermeIho), justamente a casa que se vê em ambas as fotografias, do lado esquerdo, a cavalo do morro, e separada das outras, na sua maioria, residências também de "ciganos".

 

O fato é que esse clã ou grupo aqui aparecido há pouco tempo, mantém uma conduta exemplar, embora, como foi dito anteriormente, se dediquem "à buena-dicha", seja através das cartas (ou Cartomancia) ou das mãos (Quiromancia).

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A origem dos ciganos é completamente desconhecida dos maiores historiadores, inclusive, ocultistas e teósofos. O fato de se dizer que eles tem por pátria a Tzingaria (donde, Tzingaro, Dzingaro, Gitano, cigano, etc. ) é um erro.

 

O mistério continuará, por muito tempo velando a sua verdadeira História, que temos a pretensão de afirmar que a conhecemos.

 

Daremos, apenas, ao leitor de nosso humilde trabalho, alguns vislumbres desse mesmo mistério, ficando à intuição de cada um, o que se pode chamar de restante.

 

Neste caso, um estudo "Ad usum Del-phini"...

Começamos por dizer que, faz parte do referido "mistério", a escolha para habitação, e até, de preferência, para os seus acampamentos, etc. os lugares da "letra C", ou que tinham o som de Q e K.

 

Em S. Lourenço, por exemplo, não mais encontraram lugar no "Bairro Carioca", ou seja aquele que conhecemos em 1921, com umas seis casas apenas, e hoje um dos mais aprazíveis e saudáveis da estância. Prima por seus chalés e palacetes, lindas e confortáveis – não como os de Copacabana, Leblon, Ipanema, etc. – mas, pela "lei da relatividade", de acordo com os recursos naturais à uma "cidade moça".

 

Então, os nossos "amigos ciganos", preferiram os terrenos da "Vila Carneiro" para fazer jus à letra "C".

 

No Rio de Janeiro, é sabido, que o "bairro dos ciganos" é Catumbi.

 

Não falemos em "crianças e cavalos'' dos quais foram eles sempre... muito amigos, a parte um número bem grande existente em certas regiões do Globo, que já pensa de modo diferente da maioria... Haja vista, como dissemos anteriormente, o clã ou grupo de São Lourenço, que a bem dizer, vale muito mais do que muita gente que se diz "civilizada"...

E apareçam os "doutos" para contestar que "S. Lourenço não possui privilégios espirituais, além dos "naturais ou materiais", embora que seu terreno não seja "calcário", e sim; "férreo", que também se pode chamar de "calcinoso e ferruginoso", segundo o "gosto e paladar" desses mesmos "doutos", principalmente se apenas gramáticos, ou sejam os tais que sei não compreendem, a começar pela "ortografia". Com vistas a distinto e competente Jeneral (perdoe-se o J em lugar de G, tal como escrevemos Jina, e não Gina... ), que desejando modificar a atual, com isso quer Jeneralizar a sua, pois que, considera a outra – e com justa razão – de "tortografia". Nesse caso, a sua, que é a real ou certa, para não dizer, de "alta patente".

 

Pela parte que nos toca, preferimos ensinar Teosofia... deixando de lado o "estilo e muitas vezes, a gramática". Não há, pois, como fazer a critica principalmente os que só se preocupam com os dois, pois que, em outros terrenos... – que não são nem calcários nem férreos – a bem dizer, são fosfóreos, para não chamá-los de "fósforos"... Que não fumem, pois, em tais lugares, são os nossos votos.

 

Mesmo assim, não falta quem vá além da crítica, buscando de preferência, segundo suas próprias tendências ou Skandas, o "terreno da difamação", pois não há um só que não leve a "perigosos atoleiros", quando não, a "profundos abismos"... "De profundis clamavit..."

 

Nesse caso, damos preferência a um "cigano ladrão de cavalos", do que a certos "cavalos ou animais sem freio na boca", quando si fazem "ladrões da honra alheia" ... !

 

E com tão longo parênteses, muito a nosso contragosto, também fomos obrigados a cair num "atoleiro" para onde certos críticos despeitados nos quiseram levar, como fazem os Mi-ma-ins no Deserto de Gobi, atraindo viajantes desprecavidos, para esses mesmos "atoleiros", de que a região está cheia ... E isso o fazem, através de um grito mais astral do que físico, pois que se trata de verdadeiros "elementais ou espíritos da Natureza, encarnados", a que têm algo de semelhante com os nossos "anus", que vivem nos campos de pastagem, e seu grito, também, se assemelha ao choro de um recémnascido.

 

Nos desertos africanos, são certos "macacos" aos quais se dá o nome de "curpira" (donde talvez procedam os bem nossos "curupira", "Caipora", etc. sem falar no saci-pererê), que atraem os viajantes – por meio, também, de gritos estranhos, para as "areias movediças" e outros precipícios existentes nos referidos desertos.

 

Na Cidade do Salvador (E. da Bahia), os "ciganos" preferiram a outros lugares, Cabúla, Campinho, Campo Seco, etc. etc., por serem os mais afastados do Centro, sim o que, seriam Canela, Cantuá, Campo Grande, etc. onde, de fato, não há lugar para os mesmos...

 

E quando rumavam para o sul do Estado, o acampamento era feito em Caravelas, Canavieiras, Caraíba, etc., etc., pouco importa que sua vida errante, de cidade em cidade, nem sempre permita a exigência dos nomes com a sonância de C, Q e K.

 

No Rio Grande do Sul, em Santana do Livramento, eles escolhiam a praça das Carretas.

 

Na Espanha, deram preferencia a Catalunha. E como se sabe, seu verdadeiro nome é Castela (donde: língua castelhana, etc.).

 

E que dizer de si dedicarem à Cartomancia e Quiromancia?

 

Nas inscrições rupestres de diversas regiões Jinas do Brasil, inclusive, em São Tomé das Letras, predominam sempre as letras Kra, Kri, Ka, etc. fenícias, assírias e babilônicas, as quais, por si sós, já indicam "caminhar, marchar, etc. ", o que vem provar a vida errante desse mesmo povo, embora que nada tenham de comum com os três acima referidos, "Caminha, Judeu errante", . não se aplica apenas a um homem, mas a todo um povo cuja origem ninguém conhece...!

 

Já tivemos ocasião de fazer um estudo muito mais profundo sobre o termo sânscrito Kalki ("cavalo"), que se dá ao avatara de Maitréia, nas escrituras orientais como o décimo, mas em verdade, 14o pois que se trata, além do mais, de um número padrão ou medida, como prova o termo "cálculo” (arte de calcular), que, outrora era feito por meio de "pedrinhas". E alguns povos o usam ainda, como por exemplo, o japonês, numa espécie de bastidor, onde figura um determinado número de "pedras ou contas", que, correm de um lado para outro, nas pequenas barras de metal ai existentes.

 

Da mesma origem, os empregados pela medicina: "Cálculos biliares, renais, etc., que, de fato, são pedras".

 

Do mesmo étimo, ainda, Caldéia, caldeu, etc., justamente por ser uma região quase toda "calcária".

 

Neste mesmo estudo, já dissemos que, "os Manus conduzem seu povo, quase sempre, para regiões dessa natureza", pois que hoje, a própria Medicina já reconhece que são as mais favoráveis para a saúde, digamos mesmo, para a prolongação da vida. E isso, além do mais, pela falta do umidade.

 

Haja vista, a famosa "Ilha de Itaparica", da qual já, falamos também neste estudo, onde os próprios médicos baianos reconhecem "verdadeiros milagres", em doentes seus, dados como incuráveis.

 

Na mesma razão, a "Serra da Bocaina", onde se encontram, a cada passo, indivíduos com mais de um século de vida. E quando se lhes pergunta "se sofrem de alguma doença?" respondem impreterivelmente, dando gostosas gargalhadas: "Aqui não se morre. E a prova, que não temos cemitério...

 

Não nos esqueçamos de que, na Mitologia grega, os Argonautas se dirigem para a "Ilha de Cólchida" (Col, cal, cali, calci, kalki, etc. ) em busca do "Tosão de Ouro", o qual representa, ao mesmo tempo, a Sabedoria Iniciática das Idades (a Verdade pelos mesmos procurada, etc.), que não deixa de ser IMORTALIDADE, do mesmo modo que, no sentido material, que a bem dizer, é o de LONGEVIDADE. "Elixir de longa vida” por ua vez, é um termo que se aplica a ambas as coisas: à Iluminação, Sabedoria. Perfeita, etc. e à vida propriamente dita, do homem.

 

Já tivemos, também, ocasião de dizer em outros estudos que, o mesmo termo JO YO ou lokanan (IO-Canaan), que se dá a todos os "Arautos" e não apenas ao conhecido personagem da Bíblia, é o daquele que serve de Anunciador a determinado Ser, Obra, Missão, etc. que deve vir depois dele. Nesse caso, indica o "Itinerário de Io" ou Ísis, ou seja o caminho que deve seguir um povo, clã, etc. " O mesmo desdobrado em IO e Canaan, indica o referido Itinerário, para uma Terra de Promissão. E isso, em cada época ou ciclo, maior ou menor, em determinada região do Globo...

 

Na mesma razão, o de YUKATAN, que si da à península mexicana, quando o pré-histórico é ANAHUAC (as avessas ou anagramaticamente, CAUHANA, Cauana, Canaana ou Canaan), cujo nome significa "salvo ou poupado das águas", ou seja, da catástrofe atlante.

 

Desdobrando-se os termos YU (IO, E etc.) e KAT, KATAN, temos em diversas línguas antigas, o seguinte significado: "lugar onde se acham os eus ou pedaços de algo que se separou do restante, seja no sentido geográfico, seja no cósmico, ou da Mônada, da Consciência Universal, etc.

 

O mesmo termo Kut-Humi, que tem uma Linha de Adeptos, significa: "pedaço humano", mesmo que se trate de "mahatmas ", como muitos pensam. E isso, .porque, os mais elevados Seres gabem que muito lhes falta a aprender. E portanto, subordinados estão a outro ou outros Seres de categoria mais elevada ainda. É a isto a que se denomina de Tulkuismo, no Lamaismo tibetano. E Hipóstase nu Cristianismo ocidental.

 

Qu-Tamy, por sua vez, foi o nome do autor da Escritura nabateneana, um Sábio, um Adepto, um Homem Perfeito, E tal nome significa: "por acabar, faltando algo, um pedaço, etc. ". Outro Homem portanto que adotou um nome com o significado idêntico ao primeiro, por não se julgar, ainda, o expoente máximo do Saber, da Perfeição etc.

 

Desses Homens, "que Diógenes, já em sua época, procurava de lanterna acesa" e hoje continuam difíceis de "ser encontrados". Nesse caso, os que sobressaem, "pedaços de pedaços"... "cálculos renais e biliares", areia... nada. E no entanto, querem ser tudo, "querem tapar o Sul, não, com a silhueta leiteira, como o imperador Alexandre, em Corinto, diante do mesmo Diógenes, quando lhe pergunta "se desejava alguma coisa?" e ele responde: "Que te retires de diante de meu Sol"... dizíamos, querem tapar esse mesmo Sol com um simples dedo: o dedo da ignorância e da maldade.

 

Pelo que se vê em todos os termos acima, predomina a sonância Q e K, seja no começo ou no fim, pois, tanto estes como muitos outros termos, ocultam por baixo, um segundo nome secreto como era de costume na Atlântida, por serem, justamente escolhidos pelos sacerdotes dos "Templos dedicados a IO", Donde, Yu ou Yokatan, Canaã, etc.. etc.

 

Como se sabe, os QUICHUAS dominaram por muito tempo o centro da América e uma parte do Sul. Os aborígenes peruanos, anteriores aos Incas, procedem daquela raça admirável, que, em sua arquitetura e outras coisas mais, apresenta muita semelhança com a pelásgica ou mediterrânea, do mesmo modo que o Otomi, com a mongol.

 

Tudo faz crer que os aborígenes mexicanos sejam quíchuas.

 

Tanto os Códices do Anahuac, como o, Popol-Vuh da civilização quíchua, possuem passagens idênticas às existentes na Bíblia cristã, mais que isso, figurando nas Estâncias de Dzyan, o que vem provar â origem desses mesmos povos, ser a atlante.

 

Mas, falemos agora sobre as relações existentes entre Tupis e Pelasgos, dando, para isso, a palavra ao eminente Historiador e filólogo Ludovico Schwennagen, quando diz o que se segue, na sua valiosíssima obra intitulada Antiga História do Brasil, cujo  último exemplar nos foi oferecido peio Departamento de Estatística e Publicações, do Piauí, por intermédio do digníssimo e ilustre Capitão de nosso Exército, Dr. Irineu Gonçalves Pinto, nome que honra, também, as fileiras da S, T. B.

 

"Uma única, restrição devemos fazer às conclusões de Onffroy Thoron. É certo que os Judeus fundaram nas regiões do Alto Amazonas, onde negociavam, algumas colônias que ali se mantiveram durante muitos séculos (as inscrições rupestres dessa região e outras do Brasil, dizemos nós, estão cheias de caracteres hebraicos), Estas deixaram, indubitavelmente, rastros da civilização e da língua hebraica (o grifo é nosso). Também o nome Solimões para o curso médio do grande rio, tem a sua origem no nome do rei Salomão, cuja forma popular era sempre "Solimão". Mas Isso não justifica, que a antiga língua brasílica, o tupi, fosse, muito influenciada peia, língua hebraica. O tupi é muito mais antigo e pertence à grande família das línguas pelasgicas, que foram faladas em todos os países do litoral mediterrâneo. Os povos da antiga Atlântida falaram essa língua, e a mesma "língua sumérica" dos. antigos Babilônios pertenceu a essa língua geral" dos Carlos resp. dos Pelasgos. Os diversos ramos dessa língua diferenciaram-se entre si, como, no tempo moderno, as línguas romanas.

 

O laço comum dos povos pelasgos era a organização da ordem sacerdotal dos Cários e o comércio marítimo dos Fenícios. Os sacerdotes e os mercantes entendiam-se com todos, e por isso formou-se, já no segundo milênio a C., uma língua geral que foi falada, desde a Ásia Menor até a América Central, e deveria ser chamada "pelasgo-tupi".

 

Essa língua, que chamaram os antigos Brasileiros "nhehen-catú" (o bom andamento), falaram os mercantes fenícios, bem como os sacerdotes (sumés e plagas) dos povos tupis. O hebraico é muito mais novo, quando Moisés apareceu com seu povo em Chanaan, não trazia ainda uma língua organizada. Os tijolos com os dez mandamentos recebeu Moisés da Caldéia e foram escritos na língua babilônica. Depois, aprenderam os Judeus a língua popular dos Fenícios e, muito mais tarde, elaboraram os levitas; com os elementos da língua Fenícia, uma língua hierática, que ficou chamada "hebraica". A língua tupy do Brasil não tem ligação com essa formação posterior."

 

No III capítulo, depois de faiar da, disciplina entre os fenícios, "que nunca tiveram reis ambiciosos, nem poetas, literatos e legisladores, cada qual conhecendo o seu dever, etc., etc.” tem as seguintes palavras:

 

"Os Fenícios não ficaram muito tempo indecisos. Já conheciam as ilhas da América Central, as Antilhas, quer dizer "Atlantilhas" (as pequenas Atlântidas). Mil anos antes de Cristo, essas ilhas eram ainda maiores, e no lugar onde hoje está o Mar Caríbico, havia ainda um grande pedaço de terra firme, chamado "Caraiba" (isto é, terra dos "caras ou caris"). Nessa Caraiba e nas ilhas em redor, viviam naquela época as sete tribos da nação tupy (o grifo é nosso), que foram refugiados da desmoronada Atlântida.

 

Chamaram-se Caris, e eram ligados aos povos cários, do Mar Mediterrâneo. Os sacerdotes deram-lhe o nome "tupi" que significa "filho de Tupan.

 

O país Caraiba (já dissemos que no sul do E. da Bahia também há uma cidade desse nome, e uma das procuradas pelos "ciganos", etc.) , porém, teve a mesma sorte que a Atlântida. Todos os anos desligava-se em pedaços, até que desapareceu inteiramente, afundado no mar. Os Tupis salvaram-se em pequenos botes, rumando para o continente, onde está hoje a república da Venezuela. O nome da capital Caracas, prende-se a essa origem. Os Fenícios tiveram conhecimento dessa região e resolveram levar os Tupis em seus navios, para o Norte do Brasil. Quando chegaram os primeiros padres espanhóis na Venezuela, contaram-lhe os piagas aqueles acontecimentos do passado. Disseram que a metade da população das ilhas, ameaçadas pelo mar; retirou-se em pequenos navios para á Venezuela, mas que morreram milhares na travessia. A outra

metade foi levada em grandes navios para o Sul, onde encontraram terras novas e firmes.

 

Varnhagen (Visconde de Porto Seguro) confirma, na sua "História Brasileira" que essa tradição, a respeito da emigração dos Caris, Tupis, de Caraiba para o Norte do Continente sul-americano, vive ainda entre o povo indígena da Venezuela. O padre Antônio Vieira, o grande apóstolo dos indígenas brasileiros, assevera, em diversos pontos de seus livros, que os Tupinambás, como os Tabajaras, contaram-lhe que os povos tupis emigraram para o Norte do Brasil, pelo mar, vindos dum país que não existia mais. Os Tabajaras diziam-se o povo mais antigo do Brasil. Isso quer dizer que eles foram aquela tribo dos Tupis que primeiro chegou ao Brasil, e que conservou sempre as suas primeiras sedes entre o rio Parnaiba e a Serra do Ibiapaba. Essa tradição confirma também que a primeira imigração dos Tupis passou pela foz do rio Parnaiba, Os Tupis, que imigraram mais tarde pela baía de S. Marcos e fizeram seu centro na ilha Tupaón, hoje S. Luís, tornaram-se menos estimados pelos Tabajaras, Potiguaras e Cariris (o grifo é nosso). Por isso, aqueles se chamavam orgulhosamente ''Tupi-nambás'', que quer dizer "homens da legítima raça tupi". Pagaram o desprezo de parte dos outras Tupis, pelo insulto "Tupiniquins e Tupinambaranas", que quer dizer "Tupis de segunda classe" Sempre conservou-se também a tradição de que os Tupis tinham sete tribos (na razão das sete cidades atlantes, etc., dizemos nós). E explica o erudito historiador Schwennhagen, qual o fim desejado pelos fenícios com a imigração dos Tupis para o Brasil. Um povo auxiliador para sua grande empresa; um povo inteiro que assim identificou os seus interesses nacionais com os interesses, da pátria. Os outros que chegaram do Mediterrâneo, permaneceram sempre estrangeiros; ficaram em relação com a sua antiga pátria e pensavam voltar para a mesma, logo fosse possível. Os Tupis não podiam voltar; sua pátria fora vítima da fúria do mar. Procuravam uma nova pátria, uma terra de promissão (o grifo é nosso), destinada para eles por Tupan, como disseram seus sacerdotes.

 

Os Fenícios tinham simpatias, pelos Tupis, que eram da mesma estirpe dos povos cários; entenderam a sua língua geral "do bom andamento" (sempre a idéia de marchar, caminhar, etc. ); eram brancos, um pouco amarelados, como todos os povos do Sul da Europa e da Ásia Menor, e tinham uma religião com sacerdotes semelhante a organização religiosa dos Fenícios. Além disso eram agricultores e tinham um caráter guerreiro, Um tal povo, transferido para o continente brasileiro e nele domiciliado com o auxílio dos Fenícios, poderia tornar-se um bom aliado para estes. Os antigos historiadores citam diversos outros exemplos de emigração de povos, com o auxílio e nos navios dos Fenícios. Isso foi um dos meios eficazes de que se serviam para segurar suas espalhadas colônias".

 

Tudo isso, acrescentamos nós, vem provar a veracidade da decifração das inscrições fenícias da Pedra da Gávea, por Bernardo Ramos, embora que, a mesma Pedra, à qual denominamos de Templo e Túmulo, seja um monumento muito anterior à referida época, em que aqui estiveram os fenícios.

 

Mais adiante, no capítulo IV – A Participação dos Cartagineses na colonização do Brasil, o ilustre autor do livro de que estamos transcrevendo alguns trechos, tem as seguintes palavras:

"Collocamos a fundação de Carthago no espaço de 850 á 840 a. C. Em 1240 a. C foi fundada, no mesmo lugar, a colonia phenicia Byrsa, que ficou bem fortificada para poder servir, como um ponto estratégico da estrada marítima, que liga a bacia oriental do Mar Mediterrâneo à sua bacia occidental. Nesse sentido ganhou a pequena cidade de Byrsa uma certa importância no movimento marítimo. No ano 850 a. C. deu-se uma tragédia na família real de Tyro, mas não conhecemos exactamente nem os factos, nem os nomes dos implicados. O rei foi assassinado – por instigação dum parente e a rainha viúva Elisa (ou Dido) refugiou-se com seus partidários, e com uma grande frota, em Byrsa, onde foi construída a grande cidade de Carthago. Não é possível que esse plano

nascesse do cérebro de uma, mulher. Foram dois partidos que lutaram entre si violentamente, e o partido vencido ficou obrigado a procurar uma outra cidade, um acontecimento muito comum na história da antiguidade. Neste caso, porém, sahiram os dissidentes com o plano de fundar uma nova metrópole, bastante forte para dominar mesmo a antiga pátria. Começou logo o combate entre os dois rivais.

 

Os Cartagineses mandaram emissários a muitos países, pára juntar operários, colonos e soldados para sua nova capital; os Tyrios (andaram frotas para impedir esse recrutamento. Mas Carthago cresceu e, para vingar-se dos Tyrios, o senado carthaginez declarou que não deixaria passar peio estreito de Gades (Gibraltar), qualquer navio que levasse emigrantes para a grande ilha dos Phenícios, no oceano Atlântico. Isso foi cerca de 820 a. C. Os Carthaginezes quiseram, principalmente, impedir que os Tyrios levassem mestres de obras e trabalhadores egypcios para o Brasil e ameaçaram todos esses emigrantes com a pena de morte, no caso de cahirem elles no poder dos navios encarregados do policiamento do estreito.

 

Poucos anos depois, cerca de 810 a. C. , organizaram os Carthaginezes a grande expedição ao Golpho de Guiné, sob a chefia de Hannon, sobre a qual já falamos. Foi a orgulhosa tentativa de fundar, no Oceano Atlântico, um domínio colonial ainda maior do que o domínio dos Tyrios. Essa tentativa fracassou e os Carthaginezes ficaram desiludidos e desanimados.

 

Mas, finalmente com o correr do tempo, desapareceram a animosidade e a rivalidade entre os dois irmãos Tyro e Carthago; elles entraram num accordo que estabeleceu um certo condomínio sobre as possessões coloniais das duas potências.

 

Assim, apparecem de 750 annos a. C. em diante, também, os Carthaginezes no Brasil.

 

Sua estação marítima estava no lago Estremoz, perto de Natal, actual capital do Rio Grande do Norte."

 

E o leitor inteligente, que conhece as inscrições da "Pedra da Gávea", isto é, TYRO FENÍCIO PRIMOGÊNITO DE BADEZIR, com justa razão pensará que a mesma se acha estreitamente ligada com tudo quanto acabamos de transcrever, da valiosa obra do eminente Historiador e filólogo Ludovico Schwennhagen. Muito mais, quando souber que ele se dedica às leituras teosóficas e ocultistas, para não dizer, desde logo, é um Teósofo.

 

E vem, outros capítulos, cada qual mais valioso, como por exemplo, A destruição de Tyro, em 332, e a Expedição da frota de Alexandre Magno para América do Sul, em 328, a C. O Domínio Carthaginez no Brasil, A Viagem do Apóstolo S. Thomé ao Brasil, A Navegação árabe nos séculos II a VII, A Origem da "Ilha das Sete Cidades", O Sipanga, resp. Cipanga, de Marco Polo e Paulo Toscanelli, até alcançar o capitulo III: Origem, Língua e Religião dos Povos Tupis, que merece a transcrição de alguns dos seus trechos, para o que chamamos de "insinuações ao leitor" sobre a razão de ser deste estudo, que nasceu de unta simples visita ao "bairro dos Ciganos", em São Lourenço, sem querermos dizer, com isso, que os mesmos descendam de Tupis, etc. mas talvez, de um outro "ramo" da mesma origem:

 

"Tupi é o nome coletivo de todos que adoraram Tupã como Deus supremo e único, significando a palavra "filho ou crente de Tupã".

 

A religião tupi apareceu no Norte do Brasil, na época de 1050 a 100 anos antes de Cristo, simultaneamente com os Fenícios. Essa religião foi propagada por sacerdotes cários (o grifo é nosso), emissários da ordem dos plagas, sob á direção de um chefesacerdote (melhor dito, "Sumo-Sacerdote"), chamado SUMER, cujo nome mudou, pelo abrandamento da letra r, em Sumé.

A língua tupi é um rareio da língua sumérica, formada e falada pela Ordem dos Magos, na Caldéia (outro grifo nosso... ), desde os tempos do rei Urgana, isto é, 4.000 a.C. I Sumer, chefe espiritual (digamos, Manu) da nação, era o mestre supremo da legítima e sagrada língua da religião, por isso chamada “língua sumérica”. Os primeiros documentos escritos, os quais possuímos e que são guardados no Museu Britânico de Londres, são lei do Rei Urgana (leis ou “mandamentos”, dizemos, tanto vale), escritas em placas de barro queimado, assinadas pelo mesmo rei. O texto dessas leis contém dúzias de palavras tupi (mais outro grifo). O teor da primeira lei começa: JAR UGANA, AGAD TE SUMER MURU...; Jâr é: senhor, rei, chefe temporal. No mesmo tupi temos a mesma palavra: TABA-JARAS: senhores das tabas; Goia-Jaras: senhores do Goyas. Na Pérsia ficou sempre esse título: Jâr Dario, até o último “Shar” da Pérsia, destronado pelos bolchevistas. O “tzar” da Rússia tinha o mesmo título.

 

"Agad" é nosso agatu ou acatu: bom; no grego: agathos. No título do rei Urgana significa ugad "majestade". A conjunção "te" é igual nas línguas antigas: no grego "et", no latim "te", no tupi, "ité", como em ita-itè (pedras), batur-ité (montes altos). (Nas antigas línguas formou-se o plural pelo sufixo "te", como se diz: uma pedra e mais uma pedra).

 

"Sumer" no título do rei Urgana (nome que faz lembrar também aquele outro manu caldeu, dizemos, UR-GARDAN, Ur, fogo, Gardan, região, etc. donde o garden inglês, etc., condutor de um clã, francamente atlante, para o litoral europeu, ou seja: Portus-Gallae, Portugal, "porto dos galos, gauleses, etc. ),,significa que aquele monarca, reuniu na sua pessoa o poder temporal com o poder espiritual, quer dizer, foi rei e simultaneamente chefe da Ordem dos Magos. Na história da Babilônia encontram-se muitos casos, onde os chefes da ordem estiveram em oposição contra os dinastas. Por esse motivo assumiram alguns reis também o cargo do Sumer. De outro lado, arrogaram às vezes chefes da ordem, honras de realeza, como aqueles Três Magos que visitaram o

menino Jesus, se chamaram "reis" (Diz-se mesmo: MAGIA REAL, etc. ).

 

"Muru" significa na lei de Urgana "construiu ". Segue a lista dos templos, palácios, edifícios e canais, que o rei mandara construir. No tupi temos o mesmo verbo: cara-muru é o mestre de Obras da escola dos Cários (e Ku-Mara, Ma-kara, etc., dizemos nós, a Hierarquia celeste que deu "o mental e o sexo" aos homens). Da mesma origem são, no latim, as palavras murus, murare; no germano, mauer e maueru; no baixo alemão, mur e muren.

 

Esse exemplo de parentesco entre a língua, tupi e a antiquíssima língua sumérica abre-nos uma vista clara na antiguidade brasileira. Os plagas trouxeram para cá a língua da sua ordem, ampliaram-na pelos vocábulos das línguas indígenas tapuias e formaram uma língua geral, o nhehén-gatu, que significa "o bom andamento" e devia diferenciar os educados e civilizados crentes de Tupan, dos silvícolas tapuias.

 

Mais adiante:

"Na época de 1800 á 1700 anos a. C. sahiu da Chaldéa, como emissário da Ordem dos Magos o progenitor, resp. organizador e legislador dos povos carias, chamado K. A. R. Esse nome (sendo três, como aquele outro nosso conhecido L. P. D.) é uma fórmula cabalística, cuja significação pertencia aos segredos da Ordem. Car fundou a confederação dos povos carias com a capital Hali-Kar-nassos ( donde Parnaso), isto é, "Jardim sagrado de Car", na ponta de sudoeste da península, da Ásia Menor. Herodoto nasceu na mesma cidade e deixou-nos na sua "Historia Universal" os traços principais da vida e da grande obra civilizadora de Car".

 

A religião propagada por Car, era baseada na crença a um Deus omnipotente, a quem ele chamou P. A. N., também uma palavra cabalística, que significa "Senhor do Universo". Pois séculos depois pregou Moyses à mesma crença a um Deus omnipotente, a quem ele chamou Je-ho-va. O nome Pan, com o significado "Senhor", ficou nos países orientais em todos os tempos. Alexandre Magno foi chamado na Ásia "O Pany Alexandros" (Pani e Padme, são usados até hoje por tibetanos e mongóis. Donde a frase sagrada: OM MANI PADME HUM). Na Tchecoslováquia, Polônia, Rússia e outros países usa-se hoje ainda Pane e Panje como alocução. "Pane Antony" é igual a nosso "Sir Antônio". Note-se também que a palavra "panis" (nosso pão) vem de Pan : é a dádiva de Deus.

"Tu-Pan", o Deus omnipotente na religião dos antigos Brasileiros, significa: "Adorado Pan". Na língua dos Carios, Phenycios e Pelasgos significa o substantivo thus, thur e thu (resp. tas, tur e tu) "sacrifício de devoção ou incenso". Tudo que o homem oferece a Deus, é na língua da Ordem dos sacerdotes carias T.U., também uma fórmula cabalística. O infinito do verbo "sacrificar" é no phenyciuo: tu-an, no germano: tu-en, no grego: thu-ein e thy-ein, no latim: tu-eri (venerar, contemplar, olhar, guardar). Thus, também no latim, é o incenso que se oferece e Deus, resp. aos deuses. A origem de “Tupan" como Deus omnipotente, recua à religião monotheista de Car.

 

O caracter do monotheismo não fica alterado, pela circumstância, que a religião de Car reconheceu também uma divindade feminina, como a religião christã-catholica adora a Nossa Senhora. Na Ásia Menor foi adorada como madre de Deus a divindade Kybele (ou Cibele), com diversos outros nomes locais. Entre estes nomes se encontram “Tupana" (nesse caso dizemos nós, "aspecto feminino de Tupan") e "Tu-Kera". O nome da deusa Ceres foi escripto no latim archaico Caeres e Kaeres, qual nome é uma forma feminina de Kar. Outras formas femininas são Karmona, Kaermona, Kaerimona e Caerimona, donde vem nossa palavra "cerimônia", que significava antigamente "o altivo gesto da sacerdotisa de Veste", A ordem das Vestais era uma filial da ordem das "Caryathides", cuja primeira chefina foi Carya, filha de Car: Vestígios dessa crença encontramos na religião e língua tupi. Os primeiros evangelizadores do Brasil, padres católicos, que indagaram, nas suas conferencias com os piagas (resp. pajés) e com os principais das tribos indígenas, das crenças e noções religiosas dos Tupis, encontraram as seguintes palavras:

 

1. Com o nome "Tupan" veneraram os Tupis o único e onipotente Deus, como criador e governador do mundo.

2. Pelo nome "Tupana" indicaram os Tupis a força divina e criadora (exatamente como se chamava a deusa Cybele).

3. A palavra "Tupan-Kere-tan", explicam os padres Manoel Nóbrega e Anchieta, conforme as interpretações dadas pelos pajés, como "terra da madre de Deus", Não tendo a língua portuguesa a letra K, escreveram os posteriores escritores:

Tupan-Cere-tan, e traduziram: "terra de Ceres, resp. da mãe da natureza". O autor explica a palavra "Tupan-Kere-tan", como "a terra da mãe divina" ou "a mãe divina da terra". Essa divindade feminina ficou na religião tupi no lugar secundário; mas os padres, católicos a identificaram logo com a Nossa Senhora.

4. Existem na língua tupi também os nomes "Kerina" (escrito também Querina) e Kera-ima, indubitavelmente derivados de "Kaerimona", da religião de Car. Os plagas explicavam a palavra como nome da "mulher sem sono, que não dorme e fica vigiando, para ajudar as mulheres doentes, que a chamam". Outros disseram, Kerina fosse a "mãe da água" que protege a criação do peixe contra aqueles, que envenenam o peixe pelo timbó. Os padres chamaram, depois, as mulheres que não pediram o baptizado de suas crianças, "Kera-ima", qualificando-as como "adeptas da Kerima".

 

Em resumo, dizemos nós, certos, cários ou cariós, é a grafia usada por historiadores espanhóis, como nome da raça tupi-guarani, habitando a costa do Brasil, de Cananéia para o sul, chamada por outros, índios dos patos, ou simplesmente, índios patos.

 

Carijó: é aquele que procede do branco. E isto diz muita coisa...

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Quanto à "Ilha de Itaparica" – a "Insular Tabérica de Nassau" – de que tanto nos temos ocupado, quer em outros estudos, quer no presente – justamente por se achar estreitamente ligada a nossa Obra – foi "um reduto de Tupinambás". Em tal "Ilha" nasceu Catarina Paraguassú, filha dessa mesma tribo e que se tomou de amores por Diogo Alvares Corrêa, "o Caramurú”, "o Dragão do mar'", "o Filho do Fogo ou do Trovão". E com isso, o primeiro ponto de contacto entre o civilizador e o povo autóctone, ou seja o histórico ou da formação de nossa raça atual. Enquanto o romântico, segundo a esclarecida intuição do "Jina brasileiro", que teve o nome de José de Alencar, está sintetizado no transcendental amor entre Peri e Ceci, cujos acabam fugindo em uma palmeira pelo Paraíba abaixo, depois do incêndio do "Castelo de Maris". Sim, "Caminho a Portugal", no sentido inverso à descida da Mônada "através o Itinerário de Io", que acaba por objetivarse no Movimento espiritual em que está empenhada a Sociedade Teosófica, Brasileira, desde o ano 1921, como prova seu próprio lema: SPES MESSIS IN SEMINE (ou a esperança da colheita está na Semente") .

 

E depois, vem os nomes mais ilustres da História. Pátria, nascidos na mesma "ilha", como fossem: Francisco de Souza, autor do poema épico "Jerusalém Conquistada"; Frei Antônio da Virgem Maria de Itaparica, autor das famosas 18 Epístolas Eclesiásticas relativas ao dogma da virgindade de Maria; o Dr. Guilherme Pereira Rabelo, médico e polemista vigoroso; cônego Francisco Lima, estadista, e orador célebre: cônego Cajueiro de Campos, latinista insigne, autor dos versos que se acham no pórtico do Ginásio da Bahia; Dr. Luiz Alves dos Santos, catedrático da Faculdade de Medicina e ardoroso abolicionista; Bernardino de Souza, autor do notável livro "Memórias sobre o vale do Amazonas"; Conselheiro Virgílio Damasio, estadista e professor da Faculdade de Medicina; Xavier Marques, poeta e romancista; Ernesto Carneiro Ribeiro, latinista ilustre e

insigne, filólogo, professor de Rui Barbosa e autor da famosa "Réplica" a uma das maiores obras do seu discípulo. A este último, já Itaparica rendeu seu preito de gratidão dando seu nome à antiga rua dos Patos e prepara-se para transformar num museu, a modesta casa em que ele nasceu.

Dessa mesma raça misteriosa„ que é a Tupi, também falou o ilustre patrício Menotti del Picchia, de cujas palavras nos servimos mais uma vez, por concordarem perfeitamente, com a nossa opinião e espiritual Movimento:

"A descida dos tupis do planalto continental, no rumo do Atlântico, foi uma fatalidade histórica pré-cabralina (os grifos são nossos), que preparou o ambiente para as entradas no sertão pelos aventureiros brancos desbravadores do oceano.

 

A expulsão feita pelo povo tapir, do tapuias do litoral, significa bem, na história da América, a proclamação do direito, das raças e a negação do todos os preconceitos.

 

Embora viessem os guerreiros do Oeste, dizendo: "Ya so Pindorama koti, itamaran po anhatim, yara rama recê", na realidade não desceram com a Anta, afins de absorver a gente branca e se fixarem objetivamente na terra. Onde estão os rastos dos velhos conquistadores?...

 

Os tupis desceram para ser absorvidos. Para se diluírem no sangue da gente nova.

 

Para viver subjetivamente e transformar uma prodigiosa força e bondade do brasileiro e o seu grande sentimento de humanidade.

 

Seu totem não é carnívoro: a ANTA. É este um animal que abre caminhos, e aí parece estar indicada a predestinação da gente tupi.

 

Toda a história desta raça corresponde (desde o reino Martim Afonso ao nacionalista verde-amarelo José Bonifácio) a um lento desaparecer de formas objetivas e um crescente aparecimento de forças subjetivas nacionais.

 

O tupi significa a ausência de preconceitos. O tapuia é o próprio preconceito em fuga para o sertão. O jesuíta pensou que havia conquistado o tupi, e o tupi é que havia conquistado para si a religião do jesuíta. O português julgou que o tupi deixaria de existir; e o português transformou-se e ergueu-se com fisionomia, de nação nova contra a Metrópole, porque o tupi venceu dentro da alma e do sangue do português.

 

O tapuia isolou-se na selva para viver; o foi morto pelos arcabuzes e pelas flechas inimigas. O tupi sociabilizou-se sem temor na morte; e ficou eternizado no sangue da nossa raça. O tapuia: é morto, o tupi é vivo".

 

Em outros lugares:

"Somos um pais de imigração e continuaremos a ser o refúgio da humanidade, por motivos geográficos e econômicos demasiadamente sabidos. Segundo os de Reclus, só o vale do Amazonas é capaz de alimentar 300 milhões de Habitantes. Na Opinião bem fundamentada do sociólogo mexicano Vasconcelos, "é dentre as bacias do Amazonas e do Prata que sairá a raça cósmica, que realizará a concórdia universal, porque será filha das dores e das esperanças de toda a humanidade". Temos de construir essa grande nação, integrando na Pátria comum, todas as nossas

expressões históricas, étnicas, sociais, religiosas e políticas, pela força centrípeta do elemento TUPI".

Em resumo, sintam-se felizes os "cariocas", porque este termo é francamente tupi, e como tal, de origem CARIA:

"Outrora, no Brasil colônia, diz J, Barbosa Rodrigues, "Y-CARIOCA", era a maneira de se apregoar a venda d’água aos brasileiros brancos, aos fidalgos".

 

Quanto a Cabral, o ilustre Descobridor do Brasil que, para fazer ,jús ao nome, orna o seu Brasão com 3 representantes. caprinos, com isso, quis ele dizer "que tem sangue de Kumara ou Makara", cujo símbolo, por sua vez, nas teogonias orientais, é justamente o Bode. E cabalisticamente falando, Arcano XV.

 

E como tais termos (Kumara e Makara) sejam sânscritos, nunca é demais dizer que a língua Tupi, deles esteja repleta.

 

MOÇA-KARA, por exemplo, "é o homem valente, corajoso, de estirpe elevada, etc."

Nesse caso, "concorda em gênero e número" com os valores do grande navegador português, cujo nome veio honrar o lugar onde aportou, ou seja: Bahia cabrália (ou VERACRUZ). E com isso: OROIMOETÊ CABRAL. Honremos a Cabral.

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Como em certos filmes e romances, onde se descreve um sonho, uma fantasia, o desenrolar de encarnações passadas – pois que o americano ilustre, reconhece as duas sabias leis de Reencarnação o Karma – e onde, justamente no fim, é que se completa o enredo, assim também, somos forçados a voltar ao começo para terminar o nosso estudo sobre esse povo errante, a que o vulgo denomina de "ciganos":

 

"No começo do século XV, espalharam-se pela Europa bandos de viajores morenos e desconhecidos, Chamados por uns Boêmios, porque diziam que vinham da Boêmia, conhecidos por outros sob o nome de Egípcios, porque seu chefe tomava o nome de "duque do Egito"; exerciam eles a adivinhação, o saque e o roubo. Eram hordas nômades, bivacando sob tendas que eles mesmos construíam; sua religião era desconhecida, apesar de se dizerem cristãos, mas sua ortodoxia era mais que duvidosa.

 

Praticavam entre si o comunismo e a promiscuidade, e serviam-se para suas adivinhações duma série de sinais estranhos representando a forma alegórica e a virtude dos números.

 

Donde vinham eles? De que mundo desconhecido ou desaparecido eram eles, seus fragmentos vivos? Era assim como o povo supersticioso julgava "os filhos das feiticeiras coro os demônios". Outros se excediam muito mais na linguagem: "Que Salvador moribundo e traído os condenara a marchar sempre, como se fossem "verdadeiros Judeus errantes? Seriam mesmo a sua prole? Não seria o resto das dez tribos de Israel perdidas no cativeiro e encadeadas durante muito tempo por Gog e Magog, em climas desconhecidos?"

 

Eis o que todos queriam saber e perguntavam com inquietação, vendo passar estes estrangeiros misteriosos que, duma civilização desaparecida, dir-se-ia não terem eles conservado, senão, as superstições e os vícios. Inimigos do trabalho, eles não respeitavam nem a propriedade, nem a família e perturbavam com as suas adivinhações, a paz das pessoas de bem e dos lares honestos. Escutemos certo cronista, que narra o seu primeiro acampamento na vizinhança de Paris:

"No ano seguinte, ou seja o 17 de Agosto de 1427, domingo, chegam aos arredores de Paris, treze deles, dizendo-se penitentes, a saber: um duque, um conde, uma dama e mais dez homens, (as 13 cartas de um naipe do baralho? perguntamos), todos eles à cavalo, dizendo-se "bons cristãos" e originários do baixo Egito. Eles afirmam ter sido bons cristãos outrora e que inúmeros outros os subjugaram e levaram ao Cristianismo: os que se recusaram foram mortos e, ao contrário, os que se fizeram batizar, tornaram-se senhores do país, dando a palavra de ser bons, leais, e de guardar a fé de Jesus Cristo até a monte; dizem mais, que têm um rei e uma rainha em seu país,

cujos residem em rico palácio, alem de outras propriedades, por se terem tornado cristãos. E por isso, acrescentam eles, algum tempo depois de nos termos feito cristãos, os Sarracenos vieram assaltar-nos. Grande número, pouco firmes em nossa fé, sem resistir à guerra, sem defender seu país, como deviam, submeteram-se, fizeram-se sarracenos, e abjuraram nosso Grande Senhor. E por isso, dizem eles, o imperador da Alemanha, o rei da Polônia e outros senhores, tendo sabido que os mesmos renunciaram tão facilmente a fé, fazendo-se logo sarracenos e idolatras, investiram contra eles, vencendo-os facilmente, como se tivessem o propósito de deixá-los em seu país para levá-los ao Cristianismo: mas o imperador o outros senhores, por deliberação do conselho, estatuíram "que eles nunca mais poderiam voltar ao seu país sem consentimento do Papa". Que, para isso, deviam ir à Roma, o que, de fato fizeram, grandes e pequenos, com enormes dificuldades para as crianças. Confessando eles o seu grande pecado (?) ao Papa, que os ouvira com atenção e paciência, também, lhes dera uma penitencia – por deliberação de um concílio, ou seja: de andar sete anos pelo mundo, sem fazer uso de causa nem outros objetos necessários ao homem. Outrossim, que os bispos e os abades por onde eles passassem (naquela época, já se vê...) lhes entregassem dez libras tornezas, como um auxílio para as suas despesas. Entregara-lhes cartas para os mesmos, onde tudo era relatado, além de abençoa-los, e que... há cinco anos (naquela época) percorriam o mundo".

 

Como um simples parêntesis ao relato, no próprio leitor acudirá a seguinte pergunta: Que tinha a ver tal papa com essa gente, para, ainda por cima lhes custear despesas, abençoá-los, etc. ? Vieram eles munidos de algumas credenciais para o referido Papa? De quem e qual "País" provinham as mesmas credenciais? Aí é onde está o mistério. Feita a insinuação, continuemos o relato:

"Alguns dias depois, dia de S. João Bivac (J e B?...), isto é, 29 de Agosto, chegou o comum, que não teve permissão de entrar em Paris, mas, por justiça, foi alojado na capela de S. Diniz (?). Eram cerca de 120, incluindo mulheres e crianças. Eles afirmam que "deixando o seu país, se compunham de mil e duzentas pessoas, pois o restante morrera em caminhe com o rei e a rainha (120 para 1200, representam 10% ... Estranha matemática para vivos... e mortos!!! dizemos nós). Que os sobreviventes esperavam ainda possuir bens neste mundo, porque o Santo Padre – depois de saber do seu crime o onde se dera, lhes prometera país bom e fértil, logo terminada a penitência (qual é este País bom e fértil? perguntamos nós).

 

"Quando eles foram à Capela, nunca se viu mais gente à benção do Te-Deum, e tanto de S. Diniz, como Paris e de seus arrabaldes, a multidão acorria para vê-los. Seus filhos, rapazes e raparigas, eram extraordinários escamoteadores. Quase todos tinham, as orelhas furadas e de cada uma delas, pendia uma ou duas argolas de prata ou de ouro, prova de nobreza em seu país. Sua cor era muito escura, e os cabelos negros e encaracolados. As mulheres, por sua vez, escuras e feias; o rosto cheio de marcas, cabelos muito negros como o rabicho de um cavalo, e por vestido, uma velha flaussole ou chiavina, seguro nos ombros, por uma corda ou pedaço de pano, e debaixo, um pobre roquet ou uma camisa por toda vestimenta. Enfim, eram as mais pobres criaturas que, por ventura, já se viram em França. E, não obstante sua pobreza, possuíam entre si, feiticeiros que viviam a olhar; as mãos das pessoas, dizendo a cada um, o que já lhes acontecera na vida, e o alue estava ainda para acontecer. E muitas vezes lançavam a desordem nos lares, porque, ao marido, diziam: "Tua mulher... tua mulher te faz coux" (querendo dizer, que o enganava com outro). E à mulher: "Teu marido te faz coulpe (a mesma coisa). E o pior, que, falando às pessoas por arte mágica, pelo inimigo do inferno, ou por habilidade, iam esvaziando suas bolsas...

 

E o camponês da aldeia próxima a Paris, que narra estas coisas, acrescenta: “O fato é que fui umas três ou quatro vezes para lhes falar, e não perdi nem um sou (digamos, um vintém, em nossa antiga moeda).

 

"E tudo isso falava o povo, por toda a parte, até que chegou ao conhecimento do bispo de Paris, o qual foi ter ao lugar onde os mesmos se achavam, levando consigo um irmão menor chamado Jacobino, incumbido de fazer uma prédica, excomungando todas as pessoas que lhes mostravam as mãos. E fez ver aos "ciganos", que deviam ir embora no dia de Nossa Senhora, 8 de Setembro, quando de fato, eles partiram tomando outros rumos..."

 

Pelo que se vê, naqueles tempos as autoridades eclesiásticas valiam mais do que as seculares.E a própria linguagem exagerada do camponês, etc., comprova a impossibilidade de uma manifestação de sentimentos mais favorável aos pobres "ciganos", embora suas várias classes ou categorias ... Sim, desde a pior à melhor.

Ninguém sabe, se eles continuaram sua viagem, dirigindo-se sempre para o Norte da capital, ruas certo é, que a lembrança deles ficara num dos recantos do departamento do Norte, principalmente em uma aldeia, onde acamparam, denominada Cartier (além do CA ou CAR, esse termo significa: o que faz erratas de jogar, etc. o que vai muito bem com a arte da Quiromancia, adotada pelos mesmos ciganos).

 

Em outro ponto do Norte, existe também, um bosque perto da aldeia de Hamel, e a quinhentos passos dum monumento de seis pedras druídicas, uma fonte chamada Cozinha dos feiticeiros. E diz a tradição, era aí que repousavam e se dissedentavam, os Cara-Maras (Kumaras, makaras, etc. de que já falamos em outros lugares), os quais são certamente os Carás mar ("cários vindos do mar?"), isto é, os boêmios, feiticeiros e adivinhos ambulantes, aos quais, as antigas cartas do país de Flandres concediam o direito de ser alimentados pelos habitantes (?) .

 

Eles deixaram Paris, mas em seu lugar chegaram outros e a França não foi mais explorada por estes do que por aqueles, Ninguém os viu desembarcar na Inglaterra, nem na Escócia, apesar de haver neste último reino (Borrow) mais de cem mil deles. Aí, são chamados seard e caird, ou como se se dissesse, "artífices, manufatureiros, ferreiros, etc. porque, tal palavra, escocesa é derivada do K+R sânscrito, donde vem o verbo fazer, ker-aben dos Boêmios, e o latino cerdo (remendão), o que, no seu sentido pejorativo aos mesmos não se refere, por seus dotes artísticos...

E se nesta época não são vistos ao Norte de Espanha, onde os cristãos se abrigam contra o domínio dos muçulmanos, é sem dúvida, por lhes ser mais agradável viver ao Sol", com os árabes, porém, no reinado de João II, eles são bem distintos destes últimos, sem contudo se saber donde eles vieram.

 

Seja como for, a partir desta época, são eles geralmente conhecidos por todo o continente europeu. Um dos bandos do rei Sindel, apresentou-se em Ratisbona, em 1433, e o mesmo Sindel acampa em Baviera corri sua reserva, em 1439. Parece, então, que eles vem da Boêmia, porque os bávaros, esquecidos dos de 1433, fique se deram por egípcios, os chamam de Boêmios. É com esto nome que eles reaparecem em França e são reconhecidos daquela data em diante (bohèmiens). Com os favores de uns, e aborrecimento de outros, vão sendo suportados... Uns, percorrem as montanhas, e procuram ouro nos ribeiros; outros, forjam ferraduras dos cavalos e correntes de cães.

 

Muitos deles, cansados de fazer e desfazer tendas, resolvem fixar-se e cavam a terra de certo modo, que tomem a forma de uma cabana improvisada, porém, quadradas e de quatro a seis pés de profundidade... servindo-se, também, de ramos, cujas extremidades em dois postes "em forma de Y" ou forquilha... não se elevam a mais de dois pés acima do solo. Uma espécie de atração pelos "reinos subterrâneos"... donde um dia saíram, e talvez, um dia poderão voltar.

 

É, pois, em semelhantes "tocas ou cavernas subterrâneas", das quais não resta nada mais em França, do que a tradição, onde se reunia em promiscuidade, uma família inteira. É, nesta espécie de covil, sem outra abertura que não um buraco à guisa de porta, por onde também sai a fumaça da cozinha, onde o chefe forja, onde os filhos acocorados a seu redor, fazem soprar o fole, e que a mãe cose a panela mede ferver uma meia dúzia de batatas, legumes, arroz, etc. ... É ainda nesta toca, onde pendem de compridos pregos de madeira, alguns velhos trastes, uma brida, um saco; em que todos os móveis consistem em uma forja, pinças e martelo. Finalmente, onde se reúnem, devido a uma crença longínqua... Incompreensível, misteriosa, de permeio ao amor, a jovem e o cavaleiro, a castelã e o pagem, de mãos estendidas, brancas e nuas, diante dos olhares penetrantes da sibila. E onde esse mesmo amor tanto se compra como se vende, e que tudo se paga, tanto a verdade como a mentira. Mas é daí, também, donde saem – mudos, silenciosos, olhar vago, indeciso, mas sempre perscrutando o horizonte imenso, que se desenha nos confins da terra, os saltimbancos, os tiradores de sorte, os "ledores da buena dicha", os vagabundos, os apaches, o mesmo sirgot que nem todos compreendem, e que explode, ora raivoso, punhal rutilante no espaço, cabelos desgrenhados, quedas, giros, reviravoltas, entre risos, lágrimas e... champanhe, no "basfond" de toda a França, principalmente na "cidade luz". As dançarinas de rua, as colerejas, mas também, os maiores gênios da música, interpretadores famosos dos clássicos e da arte de Terpsicore. Exímios violinistas, fascinantes bailarinas... Mulheres de beleza rara, pelas, quais se tem apaixonado, príncipes, reis, imperadores, deixando abandonadas nos seus palácios, as nobres "damas de todas as cortes ou naipes"...

 

Mr. Naillant, autor de uma História dos Rom-Muni (Munis do Rei? Gentes de Ram ou do reino solar?... ) os inclui em uma "casta sacerdotal do mundo". E talvez seja esta a razão de se distinguir os dois taros divinatórios: um como Taro dos boêmios, o outro, Taro sacerdotal, (real ou "agartino") .

 

Para terminar tão longo estudo:

Piores que os "ciganos vulgares, ladrões de crianças e de cavalos", certos pseudo civilizados, que de terem roubado a si mesmos, o precioso Tesouro da espiritualidade, perigosos ladrões se fizeram da honra alheia...

 

"Alea jacta est! " A sorte está lançada. Porém, desta vez, de uma natureza bem diversa da outra. E quem lê a buena-dicha não é um cigano, mas filho, quem sabe? Do mesmo lugar donde eles vieram ... E portanto, quem mais deles se compadece. E a alguns respeita e admira.